A Política de Estoque do último trimestre de 2014 no Setor Moveleiro
Em função de minhas atividades no Portal do Montador, estive nos últimos 40 dias visitando uma grande quantidade de fabricantes e sem citar nomes, farei algumas considerações importantes sobre a política de estoque do trimestre final deste fatídico ano de 2014.
Quando falamos sobre estratégias (no caso de políticas de estoque), estamos na verdade falando sobre a interpretação de um cenário apresentado. Isto torna-se bastante evidente quando entendemos que o ser humano tem um modo particular de fazer a leitura do ambiente ao qual encontra-se inserido. A pessoalidade acaba sendo um dos fatores determinantes na elaboração de uma estratégia de condução das práticas comerciais, e pude ver isto bem de perto desta vez.
Não preciso delinear o cenário restritivo que existe no momento e que vai perdurar até o domingo nas urnas. Existe um Brasil apostando em produtividade e outro em assistencialismo puro, não quero entrar neste mérito…
Observei basicamente 3 políticas de estoque totalmente distintas e por isso minha referência ao título do post de que “a sorte está lançada”, isto porque os dados estão rolando neste momento, não existe nada definido.
A grande maioria, o primeiro grupo, reduziu os estoques de produto acabado ao mínimo, realizou os cortes de custos necessários e redefiniu o tamanho de sua operação de forma a encaixar-se no mercado. O chão de fábrica está relativamente limpo em termos de peças em processo e trabalha-se os pedidos conforme aparecem, com uma folga máxima de 15 dias à frente. Perigosamente parte deste grupo reduziu também o estoque de matéria-prima, estão preparados para o pior e vão sobreviver…mas perderão o bonde da melhora repentina de mercado, caso ela ocorra.
Com relação ao segundo grupo, na minha opinião o mais técnico e ponderado, tudo foi feito pela média. manteve-se uma certa ociosidade de capacidade instalada e o almoxarifado encontra-se preparado para atender uma expansão repentina de mercado, mas isto vai passar pela manutenção dos prazos de entrega, visto que os produtos não estão no estoque e apenas parcialmente nas linhas de produção. O mercado será atendido caso ocorra uma expansão, mas de maneira comedida, nada de extraordinário.
Chegamos assim ao terceiro grupo, parece difícil acreditar, mas existem empresários otimistas ou até mesmo visionários, são o menor dos três grupos. Estão com estoques preparados para atender um final de ano de 2014 como se fossem outros anos dourados, apresentam almoxarifados generosos e um estoque de produto acabado pronto para fechar novembro e dezembro. Se a expansão ocorrer, vão tomar mercado da concorrência, se ela não vier, estarão de férias coletivas à partir do dia 20 de dezembro certamente. Este grupo é o dos que entraram em 2014 com uma situação financeira favorável em relação aos demais, mas aceitaram correr os riscos.
Conversando no telefone com alguns amigos, citei que ainda não vi um Natal ao menos razoável, mas sinceramente, preferiria não ser um destes empresários neste final de ano, não tem sido e não será fácil…Observamos neste 2014 um País irreconhecível, um calendário atípico e uma desaceleração comercial decorrente de decisões politicamente equivocadas, o Brasil vai superar…mais uma vez. Qual dos 3 grupos sairá vitorioso em termos de política de estoque? Isto eu ainda não sei, mas torço pelo Brasil como um todo!
Cláudio Perin – Consultoria para o Setor Moveleiro