Transformação Digital: Conheça os Estágios da Indústria 4.0
INDÚSTRIA 4.0: ESTÁGIOS DE SUA TRANSFORMAÇÃO DIGITAL
Embora apresentada na Alemanha em 2011 (Feira de Hannover), atualmente o MIT (Massachussets Institute of Technology) nos Estados Unidos tornou-se a grande fonte literária da expressão “Indústria 4.0”, contribuindo com os mais densos e frequentes artigos para aqueles que desejam acompanhar de perto o tema ou até mesmo adquirir o aprofundamento técnico. Teses, papers e artigos estão disponíveis, sendo publicados conforme a literatura se cristaliza.
Nós do lado de cá no Brasil, precisamos estudar, interpretar, aprender e absorver os conceitos antes de sair praticando por aí. Existe a metodologia, os pontos não estão jogados de uma maneira aleatória, é preciso saber conectá-los porque não falamos de uma atividade pontual e sim do estabelecimento de um ECOSSISTEMA DIGITAL, onde cada evento ou ação tem um sentido prático e objetivo dentro do contexto maior do ambiente denominado Indústria 4.0.
Uma abordagem recorrente no MIT no âmbito da Indústria 4.0 procura IDENTIFICAR e CLASSIFICAR os estágios que a mesma percorre durante sua evolução digital em termos de operação produtiva e transformadora. O estudo toma o cuidado de separar esta evolução em duas fases distintas, o processo de digitalização e o processo de implementação da indústria 4.0 em si. E isto faz todo o sentido quando pensamos em resultados, não em ações simplesmente. Em resumo, a classificação evolutiva da Indústria 4.0 possui duas fases distintas, essas constituídas por seis estágios evidentes, (2 na digitalização e 4 na implementação).
- COMPUTAÇÃO: A primeira fase, denominado DIGITALIZAÇÃO trata da questão de fornecer infra-estrutura para que o ambiente da Industria 4.0 encontre condições técnicas para sua implementação. Encontra-se dividida claramente em dois estágios: A COMPUTAÇÃO (infra-estrutura computacional) e a CONECTIVIDADE (interconexão digital). Modelamento 3D, ERP e outros Softwares complementares são pilares fundamentais neste estágio. A academia entende que, mais do que possuir as informações, é fundamental que elas trafeguem no ecossistema produzindo os efeitos práticos desejados.
- CONECTIVIDADE: O estágio de CONECTIVIDADE não limita-se à interligar rede de computadores, engana-se quem não entende até onde vai o nível de conexão desta proposta. Estamos falando de IoT (Internet das Coisas). Portanto, máquinas e equipamentos precisam se conectar ao todo. Comprar uma nova máquina é o caminho mais fácil, mas isso não impede a instalação de CLPs/ IHMs e Sensores em equipamentos pré-existentes. Contudo isto demanda profissionais especializados nesta adaptação. O objetivo é permitir o monitoramento de eventos específicos no ambiente 4.0 e sem a IoT isso fica impossível (os eventos seguramente estarão transpondo as fronteiras externas da empresa). Observem que o estágio de CONECTIVIDADE exige portanto um forte aporte financeiro voltado à máquinas e equipamentos.
- VISIBILIDADE: Observem que concluída a fase de digitalização NADA TEMOS em termos de Indústria 4.0, o que justifica duas fases distintas. Adquirir uma máquina de última tecnologia não é Indústria 4.0, é infra-estrutura. Uma observação importante, você não precisa digitalizar TUDO, pode trabalhar em paralelo projetos piloto específicos. Cada um destes projetos precisa percorrer o estágio da VISIBILIDADE, para isto precisamos observar claramente “O que está acontecendo?”. Falamos portanto do mapeamento de processos, Talvez o momento mais delicado da implantação da Indústria 4.0 porque é onde ocorre a seleção dos eventos que serão monitorados. Um modelo mal construído será um modelo falho, trazendo sérias consequências no último estágio que abordaremos.
- TRANSPARÊNCIA: Caracterizado pela abstração mental, o presente estágio procura entender “Por que está acontecendo?”. Agora que você já sabe o que está acontecendo, torna-se fundamental entender quais foram os eventos e ações necessários para a atual conjuntura. Em resumo quais as ações que geram a reação especificamente observada, quais os eventos que as representam. Neste momento ERP e MES são fundamentais para a interpretação das informações. Se você é capaz de entender tal relação de causa/efeito, isto significa que domina o processo e portanto está pronto para o próximo estágio evolutivo.
- CAPACIDADE PREDITIVA: Habilidade em avaliar probabilisticamente os próximos eventos só existe em modelos robustos de transparência. O domínio do processo delimita o encadeamento das fases produtivas de uma maneira amarrada às especificações técnicas e ao BIG DATA. Atingir tal estágio significa aprender a gerenciar e aplicar informações relacionadas ao desejado andamento dos processos transformadores. A pergunta correta portanto é “O que está na iminência de acontecer?”. E acredite, se você atingiu este estágio, acaba de entrar para o seleto grupo das melhores práticas vigentes, isto porque o próximo estágio é realmente desafiador, dominado apenas pelas empresas referência em Indústria 4.0
- AUTO APRENDIZADO: O estágio final da Indústria 4.0 estabelece o limite de ação do ser humano. A capacidade de padronizar ações dentro de uma lógica empresarial poderia significar estabelecer uma cultura comportamental sem viés emocional, a inteligência artificial. Vamos nos limitar apenas à questão da tomada de decisão abstraída da participação do ser humano A pergunta que define o estágio de auto aprendizado é “Como reagir automaticamente à um evento iminente identificado?”. A empresa preparada para esta resposta consegue atingir patamares operacionais superiores na razão em que o processo não é interrompido até que se tenha uma decisão, ele flui através da decisão incutida em algoritmos inteligentes pré-concebidos. Falhas ainda não modeladas (modelamento pobre ou incompleto) precisam ser avaliadas, as modeladas terão tratamento automático. Este modelo precisa ser portanto retro-alimentado, precisa ser capaz de aprender com os próprios erros que certamente ainda acontecerão, uma vez que a virtualização perfeita é algo meramente teórico.
Quando falamos especificamente da Indústria 4.0 voltada ao segmento moveleiro entendemos que os pré-requisitos apresentados possuem as peculiaridades da indústria porém precisam carregar as particularidades de cada nicho de atuação. Explicando melhor, embora o contexto seja o mesmo quando industrialmente observado, existem perfis diferentes em termos de produto e mercado. Para o consultor ou parceiro tecnológico que não possui experiência em nosso setor (a produção e móveis), torna-se necessário aprender primeiramente como funciona uma fábrica de móveis. Os eventos monitoráveis estão por ali, escondidos nas entrelinhas, o modelamento inadequado pode não devolver os resultados práticos esperados.
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