Inovação é uma ideia ampla dentro das possibilidades empresariais
A inovação como estratégia de transformação da empresa que busca por diferenciais.
Em meu post anterior falávamos sobre a diferença entre as estratégias de AUSTERIDADE e de INOVAÇÃO.
Tive posteriormente nesta semana a oportunidade de falar sobre o assunto com um empresário moveleiro, pessoa a qual muito admiro. Em nosso bate-papo ele disse-me estar se policiando para que em 2015 pertença ao grupo que seguirá a estratégia da inovação, adotando-a como prática e cultura organizacional.
Porém disse-me estar preocupado em assumir investimentos neste cenário e portanto gostaria de algo que fosse ao menos 95% efetivo (falou isso sorrindo), ou seja algo que como achar a mosca da cabeça branca. Diante disto perguntou-me em que eu apostava para 2015, o que poderia fazer no produto para inovar de maneira drástica. Repeti minha visão predileta de 2014, muito já foi falado sobre os móveis multifuncionais e pouco aconteceu. Porém ele procurava por algo diferente desta minha primeira sugestão.
Pois bem, quando falamos em inovação, não podemos ficar presos à conceber o inconcebível, falamos de aspectos diversos da inovação, os quais podem ocorrer na compra, nos processos, nos produtos, na comercialização, distribuição e gestão. Ou seja, podemos inovar em qualquer um dentre todos os elementos primariamente citados e inclusive em alguns outros secundários.
O empresário não precisa necessariamente prender-se ao produto. Encontrar um novo diferencial de processos é uma poderosa estratégia de INOVAÇÃO tanto quanto criar um produto com design diferenciado. O importante é fazer algo de maneira diferente com tal sorte que isto transmita valor ao negócio, não necessariamente apenas ao produto, geralmente o foco consensual.
Aviso aos navegantes…valor INTANGÍVEL também conta. A percepção de uma marca, a ideia de qualidade ou eficiência, uma opinião de consenso, tudo isto TAMBÉM ajuda a alavancar os resultados de uma empresa.
Fazendo uma crítica construtiva, a verdade é que muitos gerentes comerciais viciaram seus clientes em campanhas e promoções de certa forma que os mesmos não procuram mais inovar nas maneiras de alavancar as vendas e isto tem-se tornado perigoso ao alimentar uma guerra de preços onde o empresário se vê obrigado em responder à concorrência com fogo de mesmo calibre, o binômio preço e prazo. A ideia do 30 e 300 chega a me causar arrepios, será que estarei vivo para receber a segunda parcela?
A alegação de que quem define o preço como sendo o mercado é poderosa. Mas e se todos estiverem vendendo com prejuízo? A verdade é que NÓS TODOS somos o mercado, o qual possui um mecanismo de equilíbrio que é a oferta e procura, mas existe a questão do esforço de vendas e do tempo de resistência deste esforço. Falamos da capacidade de sobreviver sem lucro por um período limitado de tempo.
Isto é equivalente ao mergulhar prendendo a respiração, é preciso ter pulmão e definitivamente não é meu estilo assumir este tipo de comportamento. O gerente comercial que incentiva tal prática deveria pensar que fazê-la com o capital alheio está longe de ser uma prática “justa”. Pensem nisso…
Retornando à questão da inovação, o empresário precisa imaginar situações hipotéticas, onde por exemplo uma presença maciça regional garanta resultado operacional. Isto justificaria um centro de distribuição regional alugado por um período determinado, com o objetivo de funcionar como um laboratório e medir o impacto de uma logística mais efetiva na região.
Outro ponto seria por exemplo trabalhar com um fornecedor estratégico em regime de estoque consignado por um certo período de tempo contratual, enquanto o mercado ainda patina, isso poderia alavancar ambos dentro do modelo de negócios. Enfim inovar vai muito além do que inicialmente podemos enxergar. Inovar precisa ser encarado como fazer algo diferente, inclusive por um breve período apenas.
Sinceramente o meu estilo é a inovação na GESTÃO, isto porque é o mecanismo mais barato e o que realmente toca gasolina na cabeça das pessoas. Fazer com paixão é sempre mais interessante e traz um certo romantismo nas atividades. Alias, já repararam que as ideias de sucesso trazem sempre um sujeito apaixonado pelo que faz?
Enfim, para aqueles que optaram pela estratégia da AUSTERIDADE, devo meu profundo respeito porque assim era meu avô o qual foi capaz de nos trazer até o presente. Muitas empresas encontraram nesta estratégia uma enorme capacidade de resiliência e seguem firmes e fortes. Como dito, o gosto é o do freguês!
Cláudio Perin – Consultoria no Setor Moveleiro