Industria 4.0 mais perto e simples do que se imagina

Afinal de Contas: O que é a Indústria 4.0?

Inicialmente veiculado em 2011 na Alemanha, o conceito da quarta revolução industrial tem tomado força acentuada desde 2015 mundo afora e no Brasil especificamente agora em 2016. Algumas justificativas do termo Industria 4.0 surgem principalmente em função da internet das coisas (IoT). Porém em 2013 em um artigo publicado no eMobile falei sobre o exercício estratégico de ligar os pontos, prática que aprendi vendo um vídeo motivador de Steve Jobs durante a formatura de alunos da Universidade de Stanford em junho de 2005. Os pontos estão se conectando aos poucos conforme previsto…

Na verdade, não é preciso gastar milhões de reais para ser uma indústria 4.0, precisamos desmistificar alguns argumentos puramente comerciais. Não é preciso ter a última tecnologia, tem mais a ver com a capacidade de responder imediatamente à uma determinada situação, na verdade um EVENTO MONITORADO. É exatamente sobre isto que desejamos falar, quais os eventos que nos interessam? Como monitorá-los?. E assim, qual evento monitorado deve disparar automaticamente uma ação (E qual ação? Com que intensidade?). Isto é a Indústria 4.0, apenas isto e nada mais…

Parece ainda confuso? Mas não é…Para isso imaginem um simples exemplo específico (porque existem infinitos eventos) sobre o monitoramento da cadeia de suprimentos na seguinte situação: Você está no caixa do supermercado e acaba de passar 4 latas de leite condensado pelo leitor de barras. Siga o raciocínio…Isto soma sua conta e simultaneamente baixa o estoque do supermercado. Instantaneamente este pulso gera um acréscimo no saldo de um pedido de reposição futuro para o item comprado. Porém, este pedido de compra futura tem saldo dinâmico e pode ser acessado imediatamente pelo distribuidor do item à qualquer momento desejado.

O distribuidor do item (o leite condensado) por sua vez, tem sua malha logística de reposição e detectou um futuro aumento de 4 unidades para entrega na rota A, da qual o supermercado onde sua compra ocorreu faz parte. Mais que isso, o centro logístico compartilha sua malha com a matriz (fabricante), que por sua vez coloca seus pedidos de compra de itens, no caso leite in natura (vamos nos restringir a este porque temos uma árvore de 1 para N) junto a seus fornecedores com os quais trabalha (cooperativas por exemplo).

Acontece que a Matriz que fabrica o leite condensado, através de sua fórmula, presente na ficha técnica (árvore ou estrutura do produto), faz a análise de demanda em seu ERP para implantar um pedido na cooperativa que entrega o leite. Assim por diante, acontecem os cálculos de demanda e data de reposição nos demais itens para respectivos fornecedores. No momento em que a matriz atualiza este saldo junto à cooperativa fornecedora, ele aparece como necessidade de entrega para este fornecedor.

A cooperativa por sua vez, possui seus próprios fornecedores que são os produtores rurais, que entregam o leite. Estes pecuaristas provavelmente possuem um sistema de coleta diária ou em dias seletivos,  dado o leite ser perecível e exigir que o produtor tenha uma câmara fria para armazenar o produto até a coleta. Este é o local onde a informação gerada pelo pulso do código de barras de sua compra no supermercado precisa chegar. Se tal ação acontece para este EVENTO MONITORADO agora respondemos a questão inicial:

O fabricante citado neste exemplo hipotético é uma indústria 4.0 porque É CAPAZ DE MONITORAR UM  EVENTO EM TODA A CADEIA PELA QUAL ELE TRAFEGA, GERANDO “AÇÕES CORPORATIVAS” INSTANTÂNEAS E BENÉFICAS EM SUAS DIFERENTES INTERFACES ORGANIZACIONAIS,  através da simples interpretação deste evento.

Mais que isso, é possível conceber um algoritmo que APRENDA com os eventos de maneira a desencadear ações antecipadas de inteligência artificial. Enfim, chegamos no conceito de  Indústria 4.0 para o fabricante que fornece o leite condensado. Ele se posicionou privilegiadamente dentro da cadeia que gerencia. Desta forma, o ordenhador, caso seja o próprio pecuarista, recebe ONLINE um INPUT de demanda (em seu telefone celular por exemplo) enquanto aperta as tetinhas da vaca…Simples, isto é a Indústria 4.0 em ação.

Obviamente que existem os dampers e triggers que amortecem, sumarizam e disparam as ações em função dos eventos, de maneira a otimizá-las quanto à viabilidade da execução, mas o conceito do PULSO que dispara uma AÇÃO é este. Mesmo para o aprendizado futuro, são levadas em conta as relações entre EVENTOS e AÇÕES históricas.

Diversas outras considerações pertinentes ao funcionamento da cadeia precisam ser observadas. O industrial aprendeu até a década passada que para ter sucesso precisava ESCONDER seu fornecedor. A indústria 4.0 rompe este paradigma na medida em que para o sucesso é preciso COMPARTILHAR informações, construir parcerias, mesmo que isto signifique correr o risco de ter concorrentes aprendendo com sua tecnologia e seu modelo de integração da cadeia de suprimentos, de projetos, processos e operações, comercial, etc….

Mas a regra é clara, embarque na carruagem ou fique aguardando ser atropelado…Correndo o risco de ver seu concorrente dar “tchauzinho na janela” enquanto você pensava se o risco vale à pena…

A quarta revolução industrial portanto não começou ontem, ela na verdade vem acontecendo através do BIG DATA, ou seja, da capacidade das empresas identificarem, administrarem e processarem instantaneamente um elevado volume de informações.

A mágica acontece aplicando-se inteligência algorítmica sobre tais dados, através de ações corporativas parametricamente modeladas e otimizadas pelos triggers, dampers e demais relacionamentos presentes no algoritmo concebido, verdadeiro responsável pelo gerenciamento dos eventos selecionados e monitorados (auto gestão descentralizada).

Particularizando agora para o mercado moveleiro, podemos elencar alguns requisitos tecnológicos exigidos pelo conceito da indústria 4.0 necessários no algoritmo de eventos monitorados, capazes de fornecerem informações relevantes na construção da integração sistêmica do BIG DATA.

  • ERP
  • Web Service integrado á Cadeia Objetivo (Fornecedores, Clientes, Parceiros)
  • SISTEMA MES / OEE ou SCADA (SUPERVISÓRIO)
  • Sistema CAD
  • MODELAGEM 3D
  • RENDERIZAÇÃO DE IMAGENS
  • PLANO DE CORTE
  • Outras ferramentas específicas de compartilhamento de dados

“Não é questão de ter as informações, a questão é a fluidez online das mesmas na nuvem, colocá-las ao seu dispor de maneira inteligentemente arquitetada.”

Mencionei em alguns artigos  a questão do Sistema OEE e sua urgência. O mundo vem mudando em uma velocidade espantosa e será IRREVERSIVELMENTE ONLINE em diversos aspectos. Muitas empresas não estão sendo capazes de enxergar este movimento, porque ele ocorre no submundo da tecnologia de maneira estrategicamente silenciosa. Para entendê-lo é preciso fechar os olhos e imaginar onde gostaria de chegar…As possibilidades são surpreendentes para os mais arrojados!

Cláudio Perin – Consultoria para o Setor Moveleiro

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